Foto via assessoria

Kaká Franco preparou uma linha do tempo especial sobre a House Music

Kaká Franco é o típico artista que leva o amor ao que faz para outro patamar. Além de ser DJ e um seletor nato, ele passou seus quase vinte anos de carreira destrinchando tudo o que podia sobre a House Music.

Com uma posição de respeito no circuito, especialmente pela devoção aos discos e técnica apurada, temos aqui um nome muito forte quando pensamos no estilo dentro do país.

Mas, além do teor “artista”, é um personagem que pode conceder horas de ensinamentos para todos os curiosos sobre essa história e esse belo legado. Justamente por isso, tivemos a brilhante ideia de pedir para ele criar uma linha do tempo sobre a House Music. Segue o fio:

Kaká Franco

Onde tudo começou

Talvez o melhor termo seja: quem começou. O House surgiu como um novo gênero musical em Chicago e New York nos anos 70, através de um grupo de DJs que tinham em seu background a Disco Music. Nomes como Ron Hardy, Frankie Knuckles, Mr. Lee, Jesse Saunders, J.M. Silk (também conhecido como Jack Master Silk), Chip E., Farley “Jackmaster” Funk, Marshall Jefferson e Mr. Fingers.

Nova-iorquinos como Larry Levan são considerados os pioneiros dessa história que carrega em si questões sociais muito profundas sobre preconceito e como isso era tratado naquela época. A House Music é música de gente livre, sem indiferença de cor ou opção sexual, que abraçou toda a comunidade LGBTQIAP+ em tempos bem diferentes do que temos hoje.

Paradise Garage

Em 1978, Michael Brody fundou o Paradise Garage, que ganhou este nome por ser um grande estacionamento que acabou se tornando um dos lugares mais importantes para a cena House em Nova York. Larry Levan era o DJ residente na época, uma verdadeira lenda do movimento e um dos seletores mais marcantes daquele tempo. 

The Warehouse e o termo “House Music”

A cultura clubber ganhava cada vez mais força, movida pela Disco Music e por esse novo tipo de som que predominava nas pistas. Em Chicago uma boate chamada “The Warehouse” estava bombando… e foi ali, naquele grande galpão frenético que o termo House nasceu. O residente do clube? Um nome que você possivelmente já ouviu, ou pelo menos deveria: Frankie Knuckles.

Foi ali que essa sumidade para o gênero e para a história, desenvolveu suas habilidades e testou novas ideias. No começo, o clube recebia em sua maioria gays, latinos e pessoas pretas, mas não demorou muito tempo para atrair pessoas brancas e heterossexuais também.

Disco Sucks

E como tudo na história, a House Music também sofreu preconceito. Pudera, um movimento liderado por pretos, latinos e gays, ganhava cada vez mais força e popularidade e isso, como sabem, sempre incomoda algumas pessoas.

Liderado pelo rockeiro e DJ Steve Dahl, o evento Disco Demolition colocou pessoas em um estádio para quebrar e explodir discos e as pessoas bravejavam “Disco Sucks”. Isso, inevitavelmente, fez com que o gênero perdesse força e sofresse uma queda, mas isso jamais impediria que estes artistas parassem o que estavam fazendo.

As Drum Machines

Paralelo a todo o frenesi que a House Music estava gerando, estes mesmos DJs procuram maneiras de se desenvolver tecnicamente e produzir suas próprias músicas.

Sem muitos recursos para adquirir equipamentos e/ou instrumentos e aprender a manuseá-los, eles encontraram saídas mais acessíveis e foi assim, que a febre das baterias eletrônicas icônicas como a TR-808 da Roland, a TR-909 e mais tarde a TB 303, que não é uma bateria eletrônica, mas sim um sintetizador de baixo, que graças ao seu som mais “estranho”, foi incorporado pelo DJ Pierre — pai do Acid House — na música eletrônica.

Acid House

Um dos primeiros desdobramentos da House Music foi o Acid House, caracterizado pelo uso pesado do sintetizador Roland TB-303 Bass Line. O subgênero deu origem ao hino “Acid Tracks” de Phuture, um coletivo de Chicago com Herbert “Herb J” Jackson, Nathan “DJ Pierre” Jones e Earl “Spanky” Smith Jr.

Trax Records

Traçar essa linha do tempo sem falar da importância da Trax seria um erro rude. Com o avanço da tecnologia e maior acesso aos recursos disponíveis, estes artistas finalmente começaram a lançar suas próprias composições.

O selo em questão lançou discos icônicos como “Move Your Body” de Marshall Jefferson, “Acid Tracks” de Phuture, “Can You Feel It” de Larry Heard, “Your Love” de Frankie Knuckles e muitos outros. Era o momento de tornar a House Music mais tangível.

O House vai à europa

Na segunda metade dos anos 80 o gênero já se encontrava consolidado em solo americano e com os lançamentos de discos, a música House já figurava posições importantes em rádios europeias, especialmente em Londres.

Mas, foi a faixa “Move Your Body” de Marshall Jefferson que parece ter sido um divisor de águas neste capítulo da história.

No final da década, Frankie Knuckles, Marshall Jefferson, Adonis e Larry Heard fizeram pela primeira vez uma turnê na Inglaterra, pelo selo DJ International.

Esse acontecimento não só reforçou o sucesso declarado do estilo nas terras gringas, mas criou um novo lifestyle. As pessoas queriam frequentar os clubes para dançar House.

Subgêneros

Com a popularização em terras europeias, a House Music alcançou um novo patamar. Naquele momento, a Dance Music ganhava mais popularidade a nível mundial e se tornava uma via de contracultura, onde muitos jovens se “encontraram”.

Um forte exemplo disso, foi o surgimento do French House ou French Touch, que arrebatou alguns jovens curiosos. Esses mesmos nomes se transformariam em lendas mais tarde, como o Daft Punk, precisa explicar mais?

Da Funk, do álbum Homework, representa bem essa época

House Music hoje

A metamorfose vivida na música é uma constante e isso não seria diferente com o gênero que estamos falando. O House viveu variações e se infiltrou fortemente na cultura mundial e mesmo enfrentando empecilhos sociais seu crescimento é uma constante. 

Um gênero musical livre, aberto para inovações, receptivo às novidades e com muito conteúdo, essa foi a chave da perpetuidade para a música eletrônica onde nem os precursores sabiam onde tudo isso poderia chegar.

Que esse legado permaneça em nossas atitudes, na nossa vida e em nossa casa, onde todos independente de qualquer coisa, serão sempre bem-vindos!

Uma bela maneira de saber mais detalhes sobre esse legado incrível é devorar o documentário Pump Up The Volume.

por Maria Angélica Parmigiani