Que o mundo da música é dominado pelas tracks cujos vocais são feitos em inglês, não se tem dúvidas. Todo artista que deseja alçar uma carreira internacional abre mão do seu idioma natal, focando na língua falada em 80% dos países do mundo, a fim de alcançar um público maior e mais heterogêneo, além de suas fronteiras geográficas.
Para toda regra, no entanto, existe exceção, e é comum que nos deparemos com músicas cantadas na boa, bonita e tradicional língua portuguesa, e que acabam por quebrar essa barreira cultural imposta ao longo dos anos – pelas mãos da indústria como um todo.
Na música eletrônica não seria diferente, e tracks autorais cantadas em português ainda são minoria, mas já atingem uma significativa quantidade de audições nos principais aplicativos de streaming e algum destaque nas paradas ao redor do mundo.
Pensando nisso, listamos a seguir cinco canções que apostaram no uso da língua portuguesa como idioma principal, para relembrar, curtir e sair por aí cantando junto.
“LK (Carol Carolina Bela) ” – DJ Marky & XRS feat. Stamina MC
Quando o DJ Marky e Xerxes de Oliveira, mais conhecido como XRS, resolveram juntar suas economias e embarcar direto para o Reino Unido para conhecer mais sobre o Drum & Bass e a cena local, mal sabiam como isso mudaria de uma vez por todas as suas vidas e a história da música eletrônica brasileira.
Com o lançamento daquela que pode ser classificada a produção que abriu as portas da música eletrônica feita em terras brasileiras para o mundo, “LK”, utiliza um sample de “Carol Carolina Bela” de Jorge Benjor e Toquinho, somado ao vocal em inglês do rapper Stamina MC, surpreendeu a todos ao alcançar o top 10 das paradas inglesa e dos EUA, atingindo também, a colocação mais importante de um artista brasileiro no ranking de vendas no Reino Unido no ano de 2002.
“Sua Cara” – Major Lazer feat. Anitta & Pabllo Vittar
Diplo, integrante do projeto Major Lazer e um dos maiores nomes da cena eletrônica mundial, sempre se interessou pela música brasileira, em especial pelo Funk carioca, contribuindo inclusive, com alguns artistas locais do gênero. Mas foi em 2017 que ele resolveu se juntar à Anitta, e a uma ainda pouco conhecida Pabllo Vittar para lançar um dos maiores hits do ano no país.
A carreira internacional do single “Sua Cara”, porém, não atingiu os mesmos patamares do mercado brasileiro, fazendo sucesso apenas em alguns países de língua portuguesa, e alcançando um tímido 26º lugar da parada Dance/Electronic Songs da Billboard americana.
“Drinkee” – Sofi Tukker
A alemã Sophie Hawley-Weld e o americano Tucker Halpern são, hoje, os grandes representantes da música eletrônica cantada em português ao redor do mundo. Essa curiosa condição vem do tempo em que Sophie morou no Rio de Janeiro e mergulhou de cabeça na cultura e música locais, a ponto de incluir vocais em português na maioria das suas canções.
“Drinkee”, seu primeiro grande hit com essa característica, foi um dos indicados ao Grammy de 2017 como melhor canção dance daquele ano, perdendo, porém, para “Don’t Let Me Down” do The Chainsmokers.
“Me Cura” – Liu feat. Clara Valverde
O DJ e produtor musical Christian de Almeida, ou simplesmente Liu, iniciou sua carreira musical no ano de 2015 quando juntamente com Vokker, lançou o single “Don’t Look Back” atraindo a atenção do grande público, e em especial do DJ Alok que resolveu apostar no jovem talento.
Logo após assinar contrato com a gigante Universal Music em 2019, Liu lança “Me Cura”, faixa que marca essa nova fase da carreira do DJ. Com letra de Ana Müller e vocais de Clara Valverde, a faixa investe em uma nova sonoridade mesclando um som com cara de hit radiofônico, e ao mesmo tempo, voltado para as pistas de dança.
“Sede Pra Te Ver“ – Kvsh & Breno Rocha feat. Breno Miranda
Em 2017, quando Kvsh e Breno Rocha, em parceria com o cantor e compositor Breno Miranda, criaram “Sede Pra Te Ver”, não tinham ideia do grande sucesso que a canção iria se tornar. Com mais de 30 milhões de plays apenas no Spotify, a música é a mistura exata entre sons orgânicos, vocais em português e um toque de “Brazilian Bass”, muito em evidência na época.
A partir daí, Breno Miranda se tornou uma referência na cena, emprestando sua voz e suas letras para produções de grandes DJs brasileiros da atualidade, como Vintage Culture, Cat Dealers, Gabriel Boni, entre tantos outros. Em conversa recente, Breno deixa claro que o idioma em si não é o mais importante, e sim a mensagem que é transmitida em suas canções.
Com o crescente número de DJs e produtores brasileiros se destacando pelo país e pelo mundo, é apenas uma questão de tempo para que músicas cantadas no nosso bom e velho português ganhem ainda mais espaço, superando as barreiras linguísticas e mercadológicas, como definido com perfeição por Breno Miranda:
Música é energia. Independentemente do idioma que você canta, quanto mais energia você capta, mais você evolui, mais você transcende. ”