São quantidades exorbitantes, gigantescas, assombrosas. Falamos aqui de uma liderança que atinge mais de DOZE milhões de pessoas a cada mês e com apenas uma plataforma de streaming. Que o domínio de Alok é algo monumental, cujo reflexo se nota na vida rockstar do DJ, todos aqui temos ciência (e admiração).
Agora, e se deixarmos o top 10 de lado e voltarmos a atenção para quem carrega para mais de milhares consigo, mas que não tem exatamente uma sustentação orgânica de apoio, como é? Quantidade é sinal de segurança? Números refletem a realidade? Ou falta entendê-los?
Trouxemos pra cá uma discussão que precisa ser feita. Qual o real valor – e o preço, de um DJ que chega a milhares de ouvintes mensais, que lucra disso algumas centenas de reais, mas que não sabe até quando ou mesmo o porquê que esses números dispararam. E as vertentes menos ouvidas no Spotify, será que elas não estão dominando as pistas Brasil afora?
Uma playlist famosa que adicionou um som desse artista e lhe emprestou um hype que não era exatamente devido, amanhã poderá deixar esse artista e esse som de lado. E depois? E quando acabar? Quem restou? Quem fica para amanhã, para a hora da verdade? Era um suporte ao trabalho ou era uma circustância vitoriosa daquele momento?
Há uma volatilidade em todo esse numerário que representa e se justifica, mas não leva em conta, e nem precisa, quais cenários geraram os dados. Há implícito, em todos eles, uma nova formação na relação de compra e consumo na indústria da música eletrônica. Não mais se criam laços pessoais entre artista e fã, para que haja uma rede leal de apoio que independa de circustância para lhe gerar suporte nos mais diversos aspectos. São poucos aqueles que ainda tem o percurso clássico dos fã clubes, do nome acima do trabalho.
Faça aí da sua casa um exercício conosco. Nos últimos tempos, quantas músicas muito legais que vocês ouviram muito? Vocês podem dizer quem era o artista que a construiu ou até mesmo qual nome tinha? Em geral, há affairs entre consumidor e produto, aquele lance de momento, uma ficada breve e sem sentimento. Depois de alguns dias, semanas, ninguém mais se lembra. E quando esse esquecimento cai sobre um profissional que deposita a vida em razão desse trabalho?
É pouco, é muito pouco, é perigoso. Pode enganar e deixar um rastro de pólvora. Os DJs que até hoje fazem sucesso, mesmo tendo vivido o auge há anos, são exemplos de fandoms fortes e atemporais, as pessoas consomem suas músicas independentemente se tal track ocupa tal playlist ou tal ranking. Há também grandes artistas, que lotam shows e seus números não estão figurados no top 100. Como eles poderão se sobressair, ter uma carreira consistente com toda essa inseguranças dos números frios?
Olhar os números, entender os números e, acima de tudo, agir sobre eles. Independente de estar no ranking ou não, o artista que você realmente curte, conta com o seu suporte para seguir levando a sua música para mais gente. Seja dando streaming, seja indo às festas, seja interagindo nas redes sociais.
Vale ressaltar que por não haver uma plataforma que mapeie todos os DJs eletrônicos do Brasil e os elenque por ordem de ouvintes mensais, a lista foi feita de forma manual pela equipe do Sonzeira, e por isso teve uma margem de erro. Em maio será feito um novo levantamento, incluindo DJs que ficaram de fora, então vamos acompanhar!