O universo da música eletrônica não é exceção quando o assunto é equidade de gêneros no mercado de trabalho. Em dez anos, o índice de empregabilidade feminina cresceu, porém, de forma discreta, 6,4% de 2013 a 2023, de acordo com levantamentos feitos pelo Observatório Nacional da Indústria, com base em microdados da PNAD Contínua e do IBGE.
Em uma discussão em âmbito cultural muito ainda se fala sobre os estereótipos, e isso também reflete no mercado da música eletrônica, no qual a representatividade de gênero ainda é desigual. Nos palcos, os DJs são predominantemente homens, enquanto nos bastidores, o mercado que sustenta essa cena segue os mesmos padrões.
No entanto, em meio a essa paisagem, há empresas como a Braslive Entertainment que vão contra, apresentando um equilíbrio de gênero em seu corpo de funcionários. A Braslive não apenas celebra o Dia da Mulher, mas, também, destaca-se como um exemplo inspirador de inclusão e diversidade em uma indústria tradicionalmente dominada por homens.
No geral, 50% dos funcionários da Braslive Entertainment são compostos por mulheres, entre elas, algumas ocupam cargo de gerência e estão presentes em todos os setores da empresa. Em áreas como marketing, por exemplo, a presença é dominante.
Isso é uma das coisas que mais nos orgulhamos aqui na Braslive. Sempre comemoramos quando contratamos mais uma mulher para compor o time. Nossa equipe inteira de marketing é feminina, somos responsáveis por atender todos os artistas da casa, acabamos tendo uma relação muito próxima com eles, tendo uma visão artística sobre toda a imagem e marca de cada um”, conta Alessandra Simões, gerente de marketing da empresa.
Alexsandra Oliveira também atua na gerência de marketing e ao lado de artistas como Maz, Rooftime e Reezer, e vê a sua participação no mercado da música eletrônica como uma realização pessoal e profissional.
Com a minha entrada na Braslive, um dos principais cases de sucesso do qual eu me orgulho, com certeza, envolve a Dawn Patrol. Desde o lançamento do remix de ‘Banho de Folhas’ até o evento autoral da label, foram meses de intensa dedicação e planejamento que resultaram em alguns top #1 no Beatport e sold out em duas casas em Búzios”, comemora.
Trabalhando com a DJ e produtora Carol Fávero, Bruna Reis considera esse um dos seus principais cases nesses quatro anos de Braslive.
É muito gratificante poder trabalhar dia a dia ao lado, e em prol, de uma mulher com tanto potencial e garra, e que vem tomando espaço no mundo da música eletrônica! Por mais mulheres nesse universo!”, completa.
Entre as atividades da equipe de marketing podemos citar a promoção de eventos por meio de mídia paga e conteúdos orgânicos. Brenda, gestora de tráfego, relembra um dos trabalhos que fez para a turnê no Maz nos Estados Unidos no ano passado.
Um dos cases que considero de sucesso em minha trajetória na Braslive foi no projeto ‘USA Tour 2023’ do Maz, no qual atuei no planejamento e execução das campanhas de mídia paga com objetivo de venda de ingressos. Conseguimos sold out em todos os eventos”.
Outro importante braço do marketing é a assessoria de imprensa.
Entrei para o time da Braslive há cerca de três meses e, mesmo nesse curto período, posso dizer que participei de ações expressivas de artistas como Maz, Antdot, Kiko Franco e a Dawn Patrol. Acredito que nós mulheres temos uma característica importante que é a sensibilidade, atenção e organização, o que é extremamente necessário para desempenhar essa função dentro de um casting que demanda semanalmente novas pautas e conteúdos”, explica Lu Serrano.
Perceber que dentro do mercado da música eletrônica existem diferentes possibilidades de atuação e que cada mulher pode se encontrar em uma frente é o que enche os olhos de Ana Carolina.
Ter liberdade criativa para desenvolver o novo posicionamento digital de uma empresa como a Braslive tem sido uma experiência incrível. Entender que para além da arte existem outros mecanismos dentro da música que a tornam um grande negócio, com diversos setores que precisam de um holofote”, afirma.
Dois grandes exemplos do que Carol explicou fazem parte das atribuições de mulheres que compõem a empresa, afinal, o mercado da música eletrônica vai muito além dos artistas e do marketing.
Não atuo diretamente com a produção e divulgação, mas, estou sempre no backstage, cuidando da parte burocrática (financeira), tanto das músicas, quanto da carreira dos artistas em si”, conta Amanda, responsável pelo departamento financeiro.
Hoje trabalho diretamente com o Maz, Antdot e, recentemente, com a Carol Fávero. E é ótimo ver que eu estou ajudando eles com as partes ‘chatas’ de serem uma empresa e, principalmente, ver o quanto cada um tem crescido”, complementa.
Inaê Vargas é label manager da Braslive, um cargo majoritariamente ocupado por homens. Ela cuida da parte operacional e burocrática da gravadora, que inclui lançamentos dos projetos, cadastros de músicas, elaboração de contratos e licenciamento de remix e cover.
Recentemente fiz o licenciamento de ‘Corpo e Canção’, do Maz e Antdot. Sem dúvidas foi o licenciamento que mais me apresentou desafios, em um processo que durou seis meses, desde as primeiras tratativas até a autorização. É com muito orgulho e alegria que no dia 15 de março o remix será lançado em todas as plataformas digitais”, revela.
Ao analisar a equipe da Braslive composta por tantas mulheres no time, percebemos as diferentes funções e colaborações que cada uma traz para empresa, artistas e, por que não, para a música eletrônica como um todo, lançando luz para uma realidade que é a possibilidade de mais mulheres atuando na cena em diferentes frentes.
Estar na Braslive hoje é ter uma prova de como o jogo pode se igualar para nós, ter mais mulheres na equipe me trouxe liberdade criativa e abriu possibilidades de crescer profissionalmente, além de me trazer segurança para exercer minha função. Nossa voz aumenta quando não estamos sozinhas e vejo que a equipe como um todo só tem o que ganhar com isso”, finaliza Aya, que integra a equipe de marketing da Braslive.
O mercado ainda precisa evoluir muito em termos de equidade de gênero, mas, ao destacarmos mulheres que trabalham para movimentar a engrenagem da música eletrônica, proporcionarmos uma identificação daquelas que estão lendo essa matéria, com as que estão sendo citadas, criando uma rede de apoio e inspiração.