Defqon.1 é o santuário de uma comunidade que se orgulha em ser unida

Eu sei que vocês, ou quase todos vocês, acham que essa música é uma barulheira, pesada demais, um pouco sem sentido. Talvez seja muito difícil compreender como um festival que abrigue apenas essa sonoridade possa ter uma legião tão colossal de fãs e uma comunidade inabalável ao lado. Vou tentar te explicar nas próximas linhas.

Um pedido, antes: deixe seu preconceito pra trás, abrace essa história e se permita sentir com o coração de quem fala sobre com tanto amor e tanto apreço. Vai ficar mais fácil pra você e pra mim.

O Hardstyle é, acima de tudo, um grito. Uma fala desesperada por liberdade, um som que se assemelha a uma mente caótica, apaixonada e frenética – bem parecida com a minha. Essa música eleva os batimentos cardíacos a níveis intensos, mas numa jornada que primeiro emociona, depois faz refletir e por fim conduz ao desabafo, à explosão.

Quando jovem, conheci um DJ chamado Headhunterz, que havia trocado o Hard pelo Big Room, sub-vertente que, naquele momento, fazia sucesso e enchia os palcos mais famosos do mundo.

Heady até teve seus dias, mas não tardou a retomar seu espaço, sua casa, o seu ambiente sentimental. Fez um show para anunciar o comeback, e tocou uma música chamada Destiny. Ela explica muita coisa, e os olhos emocionados dos presentes, também. Foi neste dia que me tornei parte da tribo.

Existe no Hardstyle uma lealdade que se tornou rara no resto dos ambientes aos quais pertenço. Lá, não tem julgamento, não tem esse olhar presunçoso e separatista. Eu sempre vi parceria, causa, motivo, devoção e redenção. Sei que minha visão é romântica sobre, mas foi assim que meu coração entendeu e sou muito respeitoso ao meu sentimento – a grande filosofia que o Hard tem.

Nós não nos importamos tanto com quem está tocando, mas sim ao que aquela música causa em nós. Repare numa coisa: toda track começa com um recital, com palavras de ordem, sempre amorosas, alentadoras, carinhosas e incentivadoras.

A ideia é criar um ambiente seguro com sons e termos que fazem bem, que cuidam e que libertam. Por isso faço questão de encarar o muro mais uma vez com uma pedrinha na mão. Se alguém mais entender essa filosofia, será menos um ódio gratuito contra uma galera que só quer ser feliz.

Como uma imensa família de fiéis, o Hardstyle tem seu próprio santuário, o seu solo sagrado, o seu espaço de congraçamento e paz.

Em uma área isolada da Holanda, sem vizinhos, sem incomodo, acontece anualmente o Defqon.1, maior festival da cena, que já recebeu mais de 100 mil pessoas em um final de semana. Vocês sabem o tamanho disso? Já pararam pra comparar com outros nomes? É uma metrópole de devotos.

Deixo vocês abaixo com um vídeo que explica tudo, que agora vocês podem assistir com um pouco do meu amor em conta, vendo pelo prisma que eu vejo e sinto. Não quero que vocês passem a amar do dia pra noite, mas que possam pensar por outro ângulo, de um jeito especial.

O Hardstyle não faz questão de protagonismo, ele só quer ser feliz com os seus, de mãos dadas, com lágrimas nos olhos e sorriso no rosto.

Redator-Chefe