Mudança, substantivo feminino, alteração ou modificação do estado normal de algo. Em nosso caso, a temida “mudança sonora”.
Mudanças sonoras por si só, já soam como algo muito forte. Seu peso traz expectativas, e em muitos casos, gera revoltas. Há quem queira sempre ouvir aquele som que consagrou determinado artista, e odeie a ideia de mudança, e há quem esteja sempre ansiando por algo novo.
Mudar não é fácil, não acontece da noite para o dia, há todo um preparo, há motivos, há vontade de seguir fazendo aquilo que ama. Quando um DJ opta por mudar, muitas vezes, acontece de forma natural e involuntária. Mas também, em alguns casos, é uma mudança planejada. Os bastidores disso tudo são maiores do que podemos imaginar.
Pense você, um DJ com 50 anos de idade, headliner de todos festivais grandes de música eletrônica, sold out nas festas em Ibiza a Miami, 3 a 5 hits por ano, collabs com artistas em destaque global, isso tudo em looping. Como você viveria e tiraria o sabor de desafio se continuasse fazendo isso, da mesma forma, pelo resto de sua vida? O que moveria sua vida, viver em uma zona conforto ou viver de desafios?
Esse é David Guetta que, com seus 50 anos, deu um basta no conformismo e foi além, criou seu projeto underground “Jack Back” e uma roupagem nova pro mainstream com seu “Future Rave”.
O ano é 2015, Future House em alta nos festivais de música eletrônica, surge com 20 anos de idade um DJ holandês chamado Oliver Heldens. O mesmo conquistou presença no mainstage Ultra Music Festival e, 2 anos depois, em 2017 já tinha seu próprio palco no Tomorrowland.
Oliver Heldens conquistou adeptos ao seu som no mundo todo e viu aquilo que o colocou lá em cima, cair em estagnação. Heldens percebeu então que havia chegado no seu limite e resolveu mudar, criando o projeto paralelo chamado de HI-LO. Ele viu o crescimento da cena underground e repaginou seu projeto tornando-o focado no Techno, em 2020.
Hoje, para Oliver Heldens, existem 2 portas de entrada para o mundo da música eletrônica, o mainstream e o underground, assim como David Guetta com seu Jack Back, e tantos outros DJs que optam por mudar e criar projetos paralelos.
Para mudar então é necessário um projeto paralelo? Não!
Vejamos Vintage Culture, DJ aclamado no Brasil e no mundo, com grande destaque desde 2015. Basta ouvir seus primeiros lançamentos para fazer um comparativo da evolução de som.
Você se lembra que, em 2017, Vintage no Lollapalooza tocou um remix da série Narcos, com o vocal “Soy fuego que”, ou que o próprio tem um remix de “Trem-bala”? Hoje, se ele tocasse uma dessas tracks, chuvas de comentários como “comercial demais” rolariam pelas redes sociais.
Vintage é um precursor e também o maior influenciador sonoro no país. Imagine se ele nunca tivesse tocado RÜFÜS DU SOL? Se ele optasse por não trazer novidades e ficasse no mesmo repertório sempre, quantos DJs você deixaria de conhecer?
Vimos no Culture is Back um novo Vintage, um artista amadurecido, um com uma bagagem musical evoluída, e que mesmo não tocando clássicos que o consagraram, estará sempre preparado para agitar as pistas e fazer aquelas vibez que amamos.
Mudanças são necessárias, e cabe a nós, fãs, apoiarmos, darmos tempo ao DJ para que ele mostre sua arte e aquilo que ele acredita.
Você está preparado? Lembre-se que a música eletrônica é uma montanha russa de novidades, e aceitar a mudança é se adaptar ao novo.