David Guetta é um dos maiores DJs da história, um dos artistas mais ouvidos no mundo, e o responsável por movimentos musicais que inspiraram gerações. O francês foi responsável por quebrar as barreiras entre a Dance Music e o Pop, e assim moldar os rumos da cena para sempre.
Ao longo de décadas de sua carreira, Guetta tornou-se um fenômeno, somando mais de 14 bilhões de plays nas plataformas digitais, além de realizar feitos impressionantes.
Para entender o que fez David Guetta ser o que é, precisamos atravessar sua história e passar por alguns dos momentos mais importantes de sua jornada.
1984 – O início
Com descendência judaico-marroquina por parte de pai, e belga por parte de mãe, Pierre David Guetta nasceu e cresceu em Paris, na França.
Entusiasta da cultura norte-americana, desde jovem Guetta sabia que queria ser DJ. Decidido, com 17 anos encontrou sua primeira oportunidade em uma balada gay, após conhecer um segurança que o indicou.
Apesar de hoje conhecermos David Guetta por seus hits de Electro House ou Big Room, nesta época sua sonoridade era bem diferente. O jovem DJ tocava Funk, New Wave e Disco.
No entanto, a vida de David Guetta mudou quando ele conheceu a House Music. A primeira faixa do gênero que ouviu foi “Love Can’t Turn Around” de Farley ‘Jackmaster’ Funk. Desde então, Guetta passou a aplicar o estilo em seus sets ao redor de Paris, criando uma relação íntima com o estilo.
Com o passar do tempo, passou a atuar com cada vez mais frequência nas pistas de dança. Em pouco tempo, já trabalhava em dois clubes de Paris, mas em uma situação muito diferente da que conhecemos hoje.
A cultura dos DJs não era tão difundida em sua cidade. Em um desses clubes, Guetta tocava em um porão, em uma cabine minúscula, com uma pequena abertura que o permitia ver somente as pernas das pessoas. Noutro clube, tocava em um quarto separado, e a cada virada, tinha de trocar de ambiente para ver como as pessoas estavam reagindo à música.
Sua percepção quanto a isso mudou quando conheceu os clubes londrinos, o ainda jovem DJ se deparou com um local onde o DJ era o centro das atenções, posicionado em meio ao palco com as luzes miradas nele. Lá, o público era intimamente envolvido com a música e tinha o objetivo exclusivo de dançar e se deixar levar pela noite. Aquilo fascinou Guetta.
Ao retornar para Paris, propôs para um dos clubes nos quais tocava que aderissem ao movimento. Ele ganhou a oportunidade de ter uma noite exclusiva para isso, mas ficaria encarregado da venda de ingressos e da promoção do show. O francês topou, e surpreendeu ao fazer com que o show atraísse a atenção de um grande público.
2001 – O primeiro single
David Guetta era agora um nome popular em sua região, e já organizava as próprias festas, na medida em que se envolvia com a House Music. Logo, o artista começou a aprender produção musical, sem a pretensão de ser um produtor musical de fato, mas sim de criar faixas para utilizar nas pistas de dança.
Assim, surgiram suas primeiras colaborações, como “Nation Rap”, com o rapper francês Sidney Duteil, faixa de Hip-Hop oldschool que Guetta produziu em 1990 e, mais tarde, em 1994, “Up & Away”.
Em 2001, fundou a Gum Productions com Joachim Garraud, com quem lançou seu primeiro single, “Just a Little More Love”, que no ano seguinte deu origem a um álbum de mesmo nome. A música foi seguida de outros lançamento icônicos como “Love Don’t Let Me Go” e “People Come People Go”, que também compuseram o álbum.
Na medida em que começou a ganhar destaque por seus lançamentos, Guetta também passou a ser criticado. Em suas músicas, o artista juntava diferentes estilos, unindo House com vocais de Pop, o que a descaracterizava da tradicional House Music norte-americana.
Apesar disso, a cada novo lançamento Guetta pendia mais para o Pop, e também fazia cada vez mais sucesso com suas músicas.
1995 – David Guetta chega à Ibiza
Em 1995, David Guetta chegou a Ibiza sem imaginar que o paraíso da música eletrônica marcaria para sempre sua carreira. Nesta época, com 30 anos de idade, ficou chocado, se deparando com uma realidade totalmente nova, que o maravilhou.
No ano seguinte, Guetta tocou no clube Bataclan, atraindo atenção de ninguém menos que Pepe Roselló, dono do Space Ibiza, um dos maiores clubes da ilha. Roselló foi até ele e disse “Eu amei sua música. Você deveria vir tocar no Space”.
Guetta se impressionou, afinal, apesar de ter se destacado em Paris, em Ibiza ele ainda era um completo desconhecido. Mas é claro, aceitou o convite de prontidão. Sua estreia no Space foi marcada por um open air, em um dia chuvoso, no qual a polícia dispersava o público e a pista estava vazia. Decepcionado, Guetta foi para casa chorando, mas Pepe fez questão de que o artista voltasse ao clube.
Seu segundo show no Space foi totalmente diferente. Clima bom e a pista cheia, tomada por euforia. O francês teve a oportunidade de mostrar seu talento, e nós temos a sorte de ter um registro desse momento de quase 30 anos atrás.
2003 – F*** Me I’m Famous!
Desde então, a lenda tocou em clubes como Pacha, Amnesia, Privilege, e logo passou a organizar as próprias festas, com sua ex-esposa, a manager de clubes Cathy Lobe.
Nesta época, Guetta passava boa parte de seus dias promovendo estes eventos ao redor de Ibiza. Durante o dia, dedicava seu tempo a colar posters de seus shows pela cidade, e durante a noite a entregar panfletos de divulgação em estacionamentos de clubes concorrentes.
Assim surgiu, em 2003 a festa “F*** Me I’m Famous!”, que se tornou uma febre. Assim como no início de sua trajetória, mais uma vez David Guetta mostrou sua habilidade em promover eventos e atrair público.
A festa circulou pela ilha, recebeu nomes como Tiësto, Carl Cox, e logo resultou em uma série de compilações musicais de mesmo nome.
O mais interessante é que “F*** Me I’m Famous!” surgiu de forma irônica. Até então, Guetta não se imaginava como sendo famoso. Ao lado de sua esposa, ele administrou um clube em Paris chamado Le Bains Douche, nos anos 90, que recebia shows de diversas celebridades, como Madonna, David Bowie e Prince.
O nome do show surgiu como uma sátira ao estilo de vida dessas celebridades, com os quais o artista não se identificava. Quando as últimas edições da festa ocorreram, nos anos 2000, ele era definitivamente famoso, dando sentido literal ao nome.
2009 – O reinado de David Guetta
Ao longo dos anos 2000, Guetta se consolidou de maneira impressionante. A cada novo lançamento, mais holofotes se viraram para o artista, que atingiu o topo das paradas com diversos hits.
Com o lançamento de álbuns como “Pop Life”, em 2007, que conta com colaboração de diversos artistas, incluindo Sebastian Ingrosso e Steve Angello, seu estilo foi cada vez mais se aproximando da estética Electro House.
Tudo isso culminou no ano de ouro de sua carreira, 2009, quando Guetta passou a ser, em definitivo, uma estrela. O ano foi marcado pelo lançamento do álbum “One Love”, que conta com alguns dos maiores hits de sua história, como “When Love Takes Over”, com Kelly Rowland, considerada pela Billboard como a colaboração de Dance-Pop número 1 de todos os tempos, “Sexy Bitch”, com Akon, e “Memories”, com Kid Cudi.
Além disso, o francês produziu um dos maiores hits do ano, com o coprodutor Frédéric Riesterer, a faixa “I Gotta Feeling”, de The Black Eyed Peas.
2011 – Titanium e o Big Room
10 anos após seu primeiro lançamento, e mais de 20 desde que começara a se consolidar nas pistas de dança, Guetta surpreendeu com a sua maior obra até então.
“Titanium”, com vocais de Sia e coprodução de Afrojack, continua até hoje sendo uma das mais importantes músicas da história do Pop e da EDM, e ajudou a instaurar mais uma das etapas da carreira de David Guetta, no Progressive Big Room.
A faixa marcou uma geração, e demonstrou a tremenda versatilidade do artista. Outros lançamentos com artistas como Bebe Rexha, Nicki Minaj, Rihanna e Justin Bieber sucederam “Titanium” e também bombaram.
2022 – Future Rave e a versatilidade do icône
Ao longo de décadas de carreira, David Guetta mostrou que um de seus maiores diferenciais é sua versatilidade. Ele se aventurou pelo Pop, se destacou através do Electro House e se consagrou no Big Room, com faixas como “Bad”, “Hey Mama”, e “Play Hard”.
Em 2018,decidiu retornar às suas através de um projeto de House intitulado Jack Back, mesmo nome de seu selo, subsidiado pela Spinnin Records, no qual tem liberdade para explorar seu primeiro estilo.
Quatro anos depois, em 2022, Guetta decidiu criar uma identidade musical própria, ao lado de MORTEN, intitulada “Future Rave”, que também resultou em um selo. O estilo é intimista, mais agressivo, trazendo referências de Trance, Melodic Techno, dentre outras sonoridades.
Hoje, Guetta lança músicas nos mais variados estilos, e continua emplacando hits, como a exemplo de “Blue”, como Bebe Rexha, que já ultrapassa 1 bilhão de plays.
O jovem francês que estava disposto a se entregar às pistas para se tornar um DJ de respeito, é considerado hoje, por muitos, como o maior deles.
A história de sucesso dele não surgiu do dia pra noite, e agora você conhece como tudo aconteceu.